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Há situações que me deixam a pensar. E muito. Porque não as consigo compreender. Falha minha? Não sei.
Tenho uma aluna que me confunde totalmente os neurónios. A mim e aos outros. Reparem nas situações:
Situação 1: Fim da aula, mando os alunos pararem com as tarefas e peço para arrumarem. Disse isto mais do que uma vez. Toda a gente cumpriu, à excepção desta aluna. Falei com ela directamente e mandei-a terminar o que estava a fazer e arrumar. Nada. Tive de lhe tirar o papel da frente, pegar nas coisas dela e arrumá-las. Só aí percebeu que a aula tinha terminado e que a turma já tinha saído toda. Quando lhe perguntei se não me tinha ouvido mandar arrumar, responde-me com “não, tu não disseste para arrumar”.
Situação 2: No fim das aulas, fazemos sempre a avaliação do comportamento. Em conversa descontraída com esta aluna, disse-lhe que ela era a aluna mais mal comportada da turma. Resposta delea “Ai sou? Não sabia disso…” Depois confrontei-a com os factos de estar sempre a ser chamada à atenção por todos os professores, de ir tantas vezes para a direcção, de ir de castigo para a sala de estudo…
Situação 3: Começo a dar matéria nova, turma toda com atenção a olhar para o quadro e a miúda, em vez de prestar atenção – o tema até era do agrado deles -, retira do dossier um postal de aniversário que tinha feito e desata a cantar os parabéns. Mando-a calar uma vez e continuo. Elea também continua com o mesmo comportamento. Mando calar segunda vez. Ela continua a cantar. À terceira mandei-o para a direcção. Então os outros colegas não têm direito a aprender e a não serem perturbados na sua atenção? Já nem falo no respeito à minha pessoa.
E já nem refiro outras. São situações diárias, perturbadoras do normal funcionamento da aula e dos colegas. Fale-se a bem ou repreenda-se a miúda e a coisa é igual. Parece que não lhe entra nada naquela cabeça.
Não vos parece estranho? Há qualquer coisa que não bate certo…
Somos afamadas de ser complicadas, mimadas e outros predicados terminados em –adas, como por exemplo, tramadas. Somos sempre nós a pagar as favas. A culpa é sempre nossa. Aqueles clichés todos que vocês tão bem conhecem.
Os homens têm uma perspectiva diferente das coisas, é certo. Deve ser algo genético. O pior é quando esta questão genética se alia a um feitio, digamos, menos bom.
Há uma coisa, nos homens, que me irrita solenemente: são respostas parcas. Imaginem que vão jantar fora e que são vocês a sugerir o restaurante. Mas o vosso companheiro discorda. A reacção óbvia da vossa parte é perguntar:
- Porquê?
- Porque sim… - responde ele.
- Oh, diz lá porque é que não queres ir ao restaurante… - perguntam vocês meio às “aranhas”.
- Porque não!
- Hummm… Mas tens algum motivo forte para não voltares a colocar lá os pés? – tentam vocês perceber .
- Não… - responde enquanto manuseia o seu jornal desportivo favorito.
- Então e onde te apetece ir? – o vosso estômago começa a roncar.
- A qualquer lado…
- Então vamos àquele… – o desespero e a fome são aliados potentes.
- Não me apetece.
- Não te apetece? Porquê? – a paciência começa a esgotar-se.
- Porque não… - glup!
Pescadinha de rabo na boca. É como eu chamo a este tipo de conversa. Sinceramente, homens, digam lá que esta conversa não é típica vossa?! E com este tipo de resposta ainda acham que nós somos complicadas e chatas. Mas no fim das contas, nós só queremos compreender o porquê das vossas respostas. Custa assim tanto dizer “não me apetece porque blá, blá, blá” ou “não gosto porque blá, blá, blá”. A palavra-chave é o “porque”.
Este tipo de atitudes é que despoletam situações de crise entre muitos casais. Pode parecer-vos estúpido mas não é. São reveladoras de teimosias estúpidas e de uma falta de diálogo por mesquinhez. Com isto, o que acontece é que, inconscientemente ou não, vão fazendo com que as vossas companheiras se afastem de vocês, deixem de partilhar os seus pensamentos e preocupações com quem partilham a vida. É isso que vocês pretendem? Parece-me que não…
Sejam felizes, evitem este tipo de situação, digam às vossas companheiras o “porque” das coisas (para elas é tão importante) mesmo que para vocês ito vos pareça desnecessário.
Por natureza, os homens e as mulheres são diferentes. Vocês não estão dispostos a fazer os sacrifícios que nós estamos. Mas pensem um bocadinho